Havia uma mulher que fotografava homens nus. Tinha predileção por homens poderosos. Não tinha interesse sexual qualquer por nenhum deles, interessava-a como projeto. Sem que soubesse, ela os caçava e submetia-os a sua vontade, seduzindo-os e obrigando-os a se desnudarem diante de sua lente fria, objetiva, multiangular. Não tinha pressa, para alguém cujo diafragma batia a velocidade de mil frames por segundo, o tempo era uma abstração vulgar a qual só os mortais estão sujeitos. A ideia viera-lhe depois de assistir na universidade uma palestra sobre Leni Rafstaun. Ela errara na glorificação daqueles corpos, refém/tributária/ degenerando-os à estatuária quando deveria-os reduzi-los à carne nua /descarná-los com pretensão às víceras o que almejava a transcendente. Interessava-lhe captar a essência que emanavam: a agressiva virilidade traduzida em pelos e músculos, a arrogância do olhar de quem não só se julga autossufuciente, mas superior, o poder expresso num movimento de quadril, em punhos, na pressão da mandíbula, no elevar de um maxilar. Interessava-lhe, particularmente, os predadores sexuais, de dentes serrados, proeminentes pomos de Adão, coxas contraídas, lábios finos, a inexorável paixão por seus membros. Cada sessão uma luta, ora rounds brutais de vale tudo, ora de esgrima.
Era uma mulher belissima. Em suas fotos flagrava o empenho em seduzí-la, a crescente frustração de se verem rejeitados, abruptos gesto de agressão, a petulacia, assomos infantis.
Trabalhava em escala suas exposições. Reduzia os poderosos a dimensão de polaroids. Sublinhava o grotesco em pb, e os modos tribais em cores vibrantes como espécies animais. Ao refletir sobre suas obras dizia-se uma arqueologa, paleantologa, uma antropologa, pois mostrava o primitivo daquelas especies naos instintas, os machos fossizados, escavacoes desses mamutes em lagos de pixe, o degelo de especies extintas da antártica. Desnuda-los nao ao mode dos bustos hregos, a iconografia servil do poder, a glirificacao do falo nas revista de expoete, luta e musculacso era literalmente por a nu o que nao se sustenta.
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