segunda-feira, 19 de julho de 2021

FADA

Desde esse não suportava a cara do marido. Antes, a incompatibilidade de horários tornava tolerável o casamento que se arrastava há cinco anos. A quarentena impunha agora um convívio diário e esgarçada/evidenciara de vez o túmulo da relação. Desde que esbarrara no anão, tinha as noite inquietas. Se masturbava loucamente com a duchinha no banho. O filho adolescente batia na porta afundando/afogando desejos. Aquela idade toda confinado no quarto.

Ao se livrar do ex, viu renascê-lo no filho. A mesma inutilidade, o ar balofo, a preguiça. Amava o filho, mas não o suportava mais. Os gritos jogando Call dufy atrás da porta. Havia gente ganhando fortunas nas olimpíadas do Japão, não o garoto, que nenhuma vocação para prodígio. Parasitando os dias, consumindo ritalina para um intratável tda. O dinheiro apertado, faltasse tudo menos a internet. Já tentara se matar numa ocasião, feito o pai, inútil. Só ela sabia o que lge custava aquele destino de trevas. Desencantada com a vida sorvia mais copinhos de leite condensado e vomitava no banheiro. A bariátrica. O futuro distante, o rancor desse filho inútil dissolvido agora com doses de gim. Às vezes passava três dias sem tomar banho. A pilha de roupas acumuladas sem força para passar. A ilusão do peso mantido na balança quebrada embaixo da cama. O vestido 45 eternamente a espera no cabide rosa.

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